quarta-feira, 11 de março de 2009

Atóron perígon do cabelo curto

Esse negócio de cortar os cabelos cada vez mais curtos é um vício, uma compulsão que tem que ser combatida com banhos frios e eletroconvulsoterapia. Mas eu não fumo, não bebo, e eu tinha que ter algum vício, né, além de maquiagem, livros, internet, beatles, ricota, bolsas de pano, fazer mini-barraco, falar palavrão e cutucar casquinha.

O fato é que, normalmente, eu vou ao salão acompanhar alguém e volto com o cabelo sempre mais curto, por impulso. (O cabeleireiro, por sinal, é também escritor, e está lançando o segundo livro amanhã, no Shopping Benfica. PP Joel. Bons livros, história de vida interessante, bom corte de cabelo. #Ficadica). Daí que estou com um plano de manter um fotolog teenage, daqueles em que se faz bico e se bate cabélon, pra ver se as almas caridosas me avisam quando o joãozinho estiver perigosamente rondando a minha cabeça. Vocês me ajudariam?

Na foto, a fashion designer Mary Quant, aparando as pontas antes de inventar a minissaia.


Juro que só me falta, num dia de impulsividade, pedir um corte joãozinho, aquele do estereótipo jornalista-glamour. Moça da TV, do cabelo curto - aquela noção que muitas jovenzinhas incautas têm ao entrar na faculdade e que nossas tias terão até nossa morte:
que jornalista usa Lancome, vai pra padaria de tailleur e microfone de lapela e tem o cabelo joãozinho. Desculpaí se eu estiver desiludindo alguma jovem vestibulanda, mas
não é sempre assim.


- William, quero ser jornalista de sucesso, #comofas?
William says: atóron jornalismo.


O parágrafo seguinte é dispensável, quem não gosta de gente prolixa pode pular pro outro.---------------------->


O PARÁGRAFO DISPENSÁVEL: Um dia farei a situação ficar pior contando aqui sobre a reportagem em que fui ameaçada de morte, e sobre o delicioso mês que passei subindo nos ônibus com medo de que alguém estivesse me seguindo pra fazer presunto de erikinha. E sobre as eventuais coberturas e matérias cotidianas em que os tailleurs teriam matado qualquer um,
no calor sené, sené, senegal de Fortaleza. Ah, e sobre aquela em que me joguei debaixo de uma mesa porque teve um pequeno TIROTEIO quando comecei a conversar com a entrevistada. Ok, não precisa ter tanto medo assim da profissão. As reportagens mais pauleira que eu já peguei, admito, foram opção minha e, antes que Grace Kelly comente dizendo que eu "atóron o perigón do jornalismo", explico que, por opção, eu não faria nada de novo. A explicação do Dr. House para a fase de extrema coragem de há 6 anos atrás existe, mas não é lupus. It's never lupus.
De qualquer modo, os trabalhos estão aí, gostei do aprendizado. Pra quem não entendeu nada, dou uma colher de chá: joga no You Tube Grace Kelly e Atoaron Perigon. Fim da digressão.

retome a leitura daqui ------------------------------------------------------------->

Enfim, tudo isso pra dizer que jornalismo NÃO é glamour. NÃO é cool. NÃO é pop. A bem da verdade, na minha humilde opinião, o Jornalismo, com J maiúsculo, é o contrário do pop, é o legítimo roquenrou. (Tá ouvindo o Satisfaction tocando em background, né) .


Nada contra, mas não tomo como exemplo uma Sandra Annenberg da vida, ou a persona que ela incorpora na hora do almoço. Fofa, simpática, moça do jornal da hora sagrada da refeição, dando dica sobre a importância de tomar muita, muita água.

(Dia desses, Sandra Annenberg apresentou uma matéria super relevante, de utilidade pública mesmo, sobre como pendurar quadros em casa. Vocês sabiam que, se errar o local do buraco e não houver massa corrida para consertar, um pouco de pasta de dentes branca disfarça o furo super bem? Eu podia ter almoçado sem essa, mas nesse dia assisti ao Jornal do Meio Dia. Só faltou ela concluir dizendo "Evaristo, sabe o que é um FUIO? É um buiaco na paiede!!!").

Enfim, Sandrinha é de um serelepismo, né, Sandrinha é alegria de viver! Enfim, nada contra, mas não me inspira, sabe?

Na verdade, meus planos de dominação do mundo nada têm de muito mirabolante.
Quero apenas ser feliz, e viver honestamente da minha profissão, tendo reservas para emergências, como o possível impulso do corte joãozinho#fail, situação em que terei que viajar ao encontro da bee que faz o mega hair da Beyoncé.

Até atingir esse plateau de realização, estarei em Fortaleza, sendo feliz, com o cabelo curto novo tomando jeito aos poucos, olhando para a boina cubana do namorado e pensando em como ela pode me socorrer nos eventuais bad hair days.

7 comentários:

Cathwillows disse...

Depois que se corta o cabelo curto, nunca mais a gente consegue deixá-lo crescer!!!
Vira vício mesmo!

Anônimo disse...

Viciadaaaaaaaaa!!

GVale disse...

Mesmo com todos os percalços narrados, vos digo: que sorte!

Sofri "lavagem cerebral" por sete anos, no Colégio Militar. Hoje é impossível sentar numa cadeira em qualquer "coiffeur" sem pedir que tragam, de imediato, a máquina no. 01. E sempre se inicia o diálogo:

- Máquina 1? Vai ficar muito curto!
- Eu sei.
- E mesmo assim você quer?
- Sim.
- (...) Por quê?
[intermission: momento de relembrar as aulas de Direito do Consumidor ao mesmo tempo em que se busca a paciência já devastada...]
- Estudei sete anos em Colégio Militar. Acostumei-me assim.
- Tá, vou passar a máquina 2, se você não gostar, passamos a 1...
[a paciência já está dobrando uma esquina de Bucareste a esta altura...]

Erika disse...

Adoro comment longo! Acho luxo!

Mateus disse...

Eu queria era deixar o cabelo crescer de novo, mas não tenho paciência =P

Erika disse...

Cathwillows,

Vicia, neam. Além de ser estilosérrimo, é mais barato pra aplicar hidratações, mechas, progressivas... essas coisas de primeira necessidade que custam caríssimo em cabelos extra-longos. Só não acho que seja prático.


Mateus,

Olha, que ingênuo. Eu cortaria enquanto você dorme.

thahy disse...

pois é menina... qdo a pontinha mais longa do meu cabelo começa a encostar no ombro... vai dando uma agonia... corro no salao e volto pra década de 20!

cabelo chanel é gostosinho demaais!