quinta-feira, 10 de junho de 2010

Deutsch Lernen - A luta continua, companheiro

Depois de muito procurar no meu habitat natural (Internet) algum estímulo pra aprender alemão, e encontrar muita coisa com português pavoroso, muitos sites tediosos, alguns sites skinheads, e uma página inacreditável com dezenas de formas de dizer "não fiz isso, senhor policial", finalmente encontro um bom estímulo online pra aprender este idioma que até o ano passado me causava brotoejas. Kesslers Knidgge. Ok, não dá pra aprender nada. Mas vale pelas risadas.





sexta-feira, 4 de junho de 2010

Da série: What would Glorinha do




A boa educação manda a gente contar até mais ou menos 485 e não fazer um barraco.
Mas em que plano etéreo, em qual dos círculos dos infernos vão se enfiar os manuais de etiqueta quando um cafuçu em torno de uns trinta anos, que a despeito das linhas de expressão não tem idade pra atendimento preferencial, fura incrivelmente a fila do caixa rápido do Banco do Brasil? Taí uma situação em que a gente precisa mais que contar mentalmente, respirar e se lembrar da Glorinha Kalil.

Nesse dia a gente chega em casa curtindo a maior ambivalência, se achando uma lady da família real britânica e uma grandessíssima otária. Daí a gente precisa chegar em casa e postar no blog como seria se, num mundo perfeito, eu não precisasse me trocar com um cafuçu inacreditável pra fazer valer o respeito à fila.

Na vida real, a moça logo atrás de mim me interpelou:
- Olha, LESADA, para de ler esse livro e presta atenção à fila, essa mulher passou na tua frente.

Eu, quase pedindo desculpas, só disse:
- Foi mesmo? Não vi.


daaaan. não vi.


No *mundo perfeito*, a moça logo atrás de mim me interpelaria, amigavelmente:
- Olha, LESADA, para de ler esse livro e presta atenção à fila, essa mulher passou na tua frente.
Eu diria apenas, no volume trinta:
- Mas GESTANTE tem atendimento preferencial. Você não viu a barriga crescidinha dela?

Rápido.e.rasteiro.

E você, que não reza no altar de Glória Kalil e não perde uma oportunidade de barraco, muito nos interessa.
Porque preciso dar vazão a esse meu talento de dar boas respostas a vizinhos sem decibelímetro, tias intrometidas sem vida própria, estagiárias de Letras que substituem estudantes de Jornalismo e que não sabem a diferença de tráfego e tráfico, bem como vendedores de livraria que pensam que "acervo de sociologia" é o título de um livro que você está procurando.

Tô oferecendo o serviço de ACABAR com a autoestima de quem você precisar.
Sigilo garantido. Preços módicos.

A respostinha já vem toda trabalhada no novo acordo ortográfico.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Oi, você gosta de E-MAIL?


Você, leitor, o que faz você feliz?
Porque a colega de trabalho de um amigo meu gosta de e-mail.

- Oi, você gosta de e-mail?
- Não sei, como assim?
- E-MAIL, menino! Tu tem e-mail?
- Tenho, sim, é nananan, arroba tal, ponto com.
- Eu posso te mandar e-mail?
- Err, pode, acho.
- Tu sabe o que eu tô falando, né? E-mail, aquelas mensagens bonitas de computador, que fica passando as telas. Eu adoro. Que LEGAL que tu também gosta. Agora, sempre que eu receber, vou te repassar.

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É o tipo de história que nos remete, imediatamente, a Glorinha Kalil.
Senão, vejamos - O cidadão já informou o e-mail dele. Como se livrar de uma maneira educada?

A Internet não é uma coisa maravilhosa?
Eu acho realmente que nós não sabemos nada a respeito da Internet ainda.
Acho mesmo que esse lance todo de Internet é uma farsa, tipo uma conspiração pra conseguir ter acesso a uma parte considerável do fluxo de informações no planeta. E é na verdade uma coisa maravilhosa que existam esses pequenos focos de resistência, essas pessoas dispostas a lotar nossas caixas de e-mail com mensagens de auto-ajuda e outras abobrinhas. Quando morrermos, e começarem a vasculhar as informações pessoais dos gênios de nossa época, inclusive suas contas de e-mail, espero sinceramente que percam metade do tempo com triagem do que é relevante e do que é corrente de oração e powerpoint com foto de bebê obeso de olho azul.

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Dez coisas muito específicas que eu gosto

1. Molhar a cabeça no mar.
2. Abrir 485 janelas no navegador da Internet e depois ficar puta porque o dito navegador travou.
3. Cantar In My life com o namorado tocando.
4. Ir à casa do sogro e dar uma fugidinha pra admirar os livros dele na bibliotequinha de Alexandria que ele tem.
5. Descobrir a existência de cantoras de samba que nem a Mariene de Castro e a Fabiana Cozza.
6. Acompanhar novelas do Manoel Carlos, mesmo sabendo que todos os capítulos são iguais.
7. Fazer nada na casa dos meus amigos Lucas e Marília.
8. Afrosamba, batuques e afins.
9. Imprimir e colecionar receitas que eu nunca tentarei cozinhar.
10. Aprender idiomas.
11. Ler biografias. Ganhar biografias de presente, fica a dica.
12. Fazer listas.
13. Fazer terapia.
14. Ouvir as histórias das pessoas mais velhas.
15. Andar pela cidade e conhecer pessoas totalmente diferentes de mim.
16. Planejar a vida deixando uma margem confortável pra nada sair como eu esperava. Porque costuma ser muito melhor do jeito que as coisas acontecem.
17. Ver coisa trash na televisão.
18. Dirigir.
19. Aloprar. Agora mesmo, a lista deu 485 coisas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Atraio loucos - história antiga

Um tempo, andei desesperada atrás do Semiótica das Paixões, do Greimas.
(Por sinal, nunca encontrei, desisti e nunca li).
Fato é que vasculhei todos os sebos reais e virtuais, as bibliotecas de Fortaleza, e achei o tal livro numa comunidade do Orkut. Eu havia deixado um breve anúncio, perguntando se alguém tinha o livro, quando um cidadão, aparentemente de boa vontade, respondeu em bom português que tinha a obra e seria um prazer me arranjar uma xerox, e que eu deixasse meu MSN pra ele pegar endereço de postagem e outros detalhes.

Daí, claro, que o cara era louco. Porque quem pede o MSN merece o nosso preconceito. Mas estamos lidando aqui com uma versão "menos pior" de Érika. Vinte anos recém-completos, inocente, pura E BESTA.

A conversa abaixo está do jeito que eu me lembro, e vocês têm que CONFIAR em mim. Que o cara realmente era doido desse tanto. Não façam como o meu próprio namorado, que levou uns três anos pra parar de duvidar do fato de que eu sou um ímã pra gente fora de si.

O cidadão - Oi, moça. **_
Eu, que nunca curti smileys mas queria demais o livro - Boa noite. Muito obrigada pela ajuda. Como podemos acertar o envio da obra?
O cidadão - Que obra? **P
Eu, na merda - Semiótica das Paixões, de Greimas. Você havia informado que poderia enviar...
O cidadão - Sim, mas vamos conversar! OO_

Já disse que curto smileys retardados que não acrescentam nada a uma conversa, né?

Eu, na merda - Pois é. Você poderia enviar a obra e nós discutiríamos o tema.
O cidadão - Vamos discutir agora.
Eu - Mas eu não conheço a obra de Greimas.
O cidadão - Mas conhece PAIXÕES.

#Hein#

Eu, ainda com um fio de esperança de conseguir a *porra* do livro - É assunto de um trabalho da faculdade.
O cidadão - Mas você já amou, de verdade?
Eu - Sim, meu namorado está aqui, participando da conversa.
O cidadão - Vi no seu Orkut que você é nordestina de Fortaleza. É esquentada.

#E também sou sofrida, fugida da seca do agreste, porém cheia de sensualidade trabalhada na chita e alegria de viver, gabrieeeela. Meu OUvo#

Eu - Você tem o livro?
O cidadão - Quantos aninhos você tem?
Eu - Vinte. Meu senhor, isso é sério. Eu preciso desse livro.
O cidadão - Já está na idade de saber o que é uma paixão. Vamos falar de paixões.
Eu - Meu senhor, pegue esse livro véi e enfie no seu cu. Boa noite.

Moral da história -

1) O Orkut não foi feito para favorecer um saudável intercâmbio de ideias entre pessoas do mundo todo. Pra isso, você trabalha nove horas por dia e estuda de madrugada até se lascar e aí entra num programa de pós-graduação, onde é provável que se verifique, com alguma sorte, algum nível de interação intelectual que não seja embotado pela fumacinha de vaidade que as pessoas expiram.
2) Desconhecidos que pedem o MSN sempre são tarados e estarão sempre batendo uma punheta no momento em que tiver início o saudável intercâmbio de ideias. Não importa a idade, o sexo ou nível de escolaridade deles.
3) Sim, minha bibliofilia tem limite. É esse limite aí mesmo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Outro post desabafativo e deprê.


Aí foi quando eu conheci as leituras. No começo era um livrinho ou outro, de leve. Aí que eu fui conhecendo as resenhas, partindo pra umas leituras mais pesadas, e cada vez me afundando mais. Eu cheguei a ler e fichar 600 páginas em uma semana.

Daí minha mãe começou a perceber que faltava prateleira, e começou a sumir coisas de casa...
Eu chegava na biblioteca uma da tarde e ia embora só quando fechava.
E cada vez mais eu frequentava livrarias. Andava a pé ou de ônibus, comia no Restaurante Universitário, pra economizar e gastar nas livrarias. Começou com a Livraria Cultura, até que um dia eu me vi fuçando no sebo mais hardcore da cidade, pechinchando matriz usada na xerox do Centro de Humanidades.

E fui me envolvendo com umas companhias. As companhias também influenciam muito, cês sabem. Onde eu chegava, me ofereciam um material diferente. Conhece Simmel, esse, aquele?...
Aí, meu irmãozinho, foi quando eu cheguei no fundo do poço.
Se sobravam dois reais, eu comprava um BisCoito com Champanhe do Walter Di Lácio.
Eu já não cuidava de mim, não ia mais à manutenção das sobrancelhas... Não alimentava meu blog.

Foi um período muito difícil da minha vida, que durou praticamente todo o primeiro bimestre do mestrado.

Ainda hoje dói dentro do meu ser, e tal.
Mas foi o amor da minha mãe que me libertou.
Minha mãe que disse "filha, eu te amo, mas a casa é minha, mando eu, se manque, que não tô afim de morar na biblioteca municipal".

Aí eu segurei a minha onda, porque enfim, né. Esse mês eu não compro mais nenhum livro.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Baseado em fatos reais

Hoje, pra quem tiver paciência pra ler texto que dá mil voltas e não chega a lugar nenhum, o Maria Espalha Brasa inaugura uma relevante série sobre histórias da vida pessoal de uma amiga minha.

Obviamente, a identidade da cidadã em questão não será revelada nem sob tortura. Porque eu tenho essa sensibilidade, e não sou LOUCA de expor a póbi da menina na Internet, esse território indômito, onde grassam a perfídia, a calúnia, a inveja, a mágoa-de-cabocla (faça o sinal da cruz) e a vontade de saber da vida alheia, de preferência se o outro estiver tão lascado quanto possível.

É o seguinte

Na casa de uma amiga minha, a família está passando uns dias numa base "Viver a Vida".
A mãe da amiga em questão sofreu um pequeno acidente, e perdeu temporariamente os movimentos de uma das mãos. Aos poucos, com muita fisioterapia e força de vontade... Cada movimento novo é uma vitória. Quem assiste novela, a essa altura do post, já conseguiu captar a vibe Viver a Vida, né?

Agora imagine a mesma trilha incidental de drama da novela. Intercalado com Mariah Carrey grasnando e estragando aquela música que você curtia tanto...
Aqueles mega-closes de cena de mãe e filha. Tudo o que tiver direito, enfim, para a CENA abaixo.

Mãe e filha reunidas, a mãe chama a filha e diz que vai surpreendê-la - pelo que se deve entender que a mãe vai mostrar um movimento novo com a mão em processo de reabilitação.

Mãe - Olha, que legal. Olha o que eu já consigo fazer.
A filha já se aproxima toda emocionada. A mãe vai contraindo o indicador aos poucos, opondo o polegar... formando um tubo com a mão. Com a outra, quando menos se espera, ela começa a dar tapas na mao fechada.

A filha, desorientada, sem querer dar aquela bandeira que o gestual da mãe tava parecendo outra coisa.

Até que a mãe, alegrissíssima, comemora

- Recuperei o foda! O FODA! - TÁ PARECIDO??

*
*
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Sei lá. Sei lá. Só sei que ela (nunca teve o juízo no canto e com uma mãe dessas) ela está com a razão.