quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Com licença, minha vez de verbalizar pra tentar resolver o chafurdo que esse caso Uniban fez na minha cabeça

Não é motivo de piada. É deprimente, é chocante...É entristecedor.
Nesse exato momento, eu perco meu sono vendo reprise de mais um programa que explora o assunto à exaustão, com as mesmas perguntas norteando e alimentando a polêmica.

Alunos da Uniban vão à mídia defender o indefensável: o direito da Universidade que eles pagam deter o poder de mando intramuros. Desculpa a força da expressão, mas o que me choca é ver gente nascida depois da ditadura que, ao que tudo indica, disse um grande "caguei" para o estado democrático, a liberdade, o direito básico de ir e vir, a lei Maria da Penha, as conquistas feministas, o bom senso, a Constituição...

Juventude comezinha, que trabalha o dia inteiro no comércio para pagar as prestações do diploma e quer aula, aula bitolante - e nada mais. Otimizar o tempo. Time is money. Chega de baderna, cadê o bedel? Eu paguei, eu quero meu bedel. Eu quero meu freio de burro, que a coordenação disse que constava do material didático. Eu acho inclusive um absurdo perder tempo com esse negócio de Diretório Acadêmico, movimento estudantil, que afinal nem conta ponto para a média final - faltam cinco escores para eu fechar minha nota e passar por média.

Uma mesquinharia que insiste: quantos centímetros mesmo tinha a saia?

Quando eu era adolescente, minha mãe me aterrorizou com a história de uma amiga que tinha sido estuprada. Mas a culpa foi da moça, que aceitou dar um passeio de moto com o namorado.
Já adulta, eu entrevistei uma moça com uma história parecida. Era prostituta, mas a "culpa" era TODA DELA. Porque um dia ela estava com muita fome, a ponto de sentir dor, e começou a se prostituir por comida. E antes disso morava com os pais, estudava em uma grande escola particular e era feliz, mas um dia cometeu o crime de ir passear sozinha com o namoradinho e voltou para casa sem a virgindade e sem alguns dentes. Envergonhou a família, teve de sair de casa e ir pras ruas. "Namorado não estupra, ela é uma mulher, ela provocou, a culpa era dela".

E mil histórias assim existem por aí.
"Ela é uma mulher, a culpa é dela".

Usando um vocabulário que deve ter sido patenteado pela instituição, com expressões do naipe de "degrinir nossa imagem", "digriniram nossa dignidade" (Denegrir? OI?) e "viemos apenas defender nossa universidade e REVOGAR nossos direitos" (COME AGAIN??)... enfim, entre uma e outra pérola, vejo agora representantes do corpo discente da Uniban na TV. Eles estão argumentando que os colegas tinham, sim, o direito à violência contra a mulher. Afinal, a moça do vestido é uma mulher, ela provocou, a culpa era dela.

Sinceramente?
Muita burrice, ir pra TV dar a cara a tapa por um empresário da educação.
Se fosse estudante da Uniban, eu já teria enfiado minha violinha no saco e ido pagar minhas cadeiras restantes em outra universidade. E nunca olharia para trás.
É, no mínimo, de uma grande imperícia na gestão da carreira colocar o próprio cu na roda, por uma universidade que ainda não saiu dos cueiros. Você contrataria um profissional com essa falta de discernimento?

A dica? Colega, pra que fique claro: se "Uniban" fosse teu sobrenome, se tu tivesse nascido com ele, ainda não tava valendo o amor à causa. Sempre é possível mudar de nome. Cai fora enquanto é tempo.