sábado, 10 de janeiro de 2009

Quem leu minimamente esse blog antes já viu alguma vez que a pessoa que posta sofre de Transtorno Afetivo Bipolar. Ok, milhares de pessoas têm, no big deal, mas hoje eu resolvi tirar o dia para sofrer, e estou me saindo muito bem, obrigada.

Estou sofrendo dolorosamente. Incrivelmente, tem gente que acha engraçado ou um bom motivo de piada descobrir que o amigo tem um problema. E tem gente que acha motivo para preocupações imensas e se afasta. Noves fora, os amigos ficam em menor quantidade e melhor qualidade.

É meio desanimador pensar que, não importa o quanto eu me esforce, eu não vou apagar nenhuma das sandices do meu passado; que, não importa o quanto eu me dedique à terapia (não sou aquela que faz terapia pra ser da galerinha descolada que faz terapia), o quanto eu seja disciplinada, eu sempre vou estar sujeita a ter outra daquelas depressões súbitas e aparentemente sem motivo, que me fazem perder ou destruir as coisas que conquistei com tanta determinação. A metáfora é essa: há um monstro no armário, e ele pode sair, a qualquer momento. Eu "não desisto nunca" só mesmo porque sou brasileira, que nem diz a propaganda. E porque eu sei que estou, de fato, cada vez mais sã, e é perfeitamente possível que nenhuma grande crise venha a acontecer novamente.

Hoje, me levantar, escovar meus dentes, foi tão difícil. E eu simplesmente não estou conseguindo sintonizar em nenhum pensamento alentador. Eu fico pensando por que raios as pessoas magoam as outras deliberadamente. Ou fazem pouco das outras, reduzindo a dignidade de quem é seu semelhante. E eu faço isso também, nas minhas horas de fraqueza, não quero nem pensar.
Pode ser que amanhã eu esteja me sentindo bem, mas se dependesse de hoje, podia acabar por aqui mesmo. Eu me concentro, e só passam coisas dolorosas na minha cabeça. Eu rezo, tomo banho, recebo o namorado em casa, me despeço dele. Não muda nada, e eu incrivelmente não consigo parar de chorar. Em dias assim, sou capaz de me isolar e chorar até vomitar, sem motivo. Não é vontade de curtir fossa, não é falta de um tanque de roupa, é uma doença. Eu só acredito porque tenho uma amiga com a mesma doença, e dá pra discernir muito claramente o que é ela - radiante, original, cheia de personalidade - do que é a doença que ela tem.

Por isso que dói tanto quando alguém diz: "essa menina quer atenção" ou "essa menina quer ser diferente". Eu quero SAÚDE, é isso que eu peço na passagem de ano, é isso que eu peço quando rezo.

Meus pais vão morrer um dia. Se eles morrerem em um dia em que eu estiver assim?
Meus filhos vão precisar de mim um dia. E se nesse dia a mãe estiver nessa condição tão ridícula, sem comer, sem banho, SEM MOTIVO?

Hoje um amigo disse que adora esse blog porque parece que está conversando comigo. Porque é muito o meu jeito, é "como se me visse falando". Isso é só porque eu raramente registro alguma coisa quando tô nessa personagem de hoje.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Plim-Plim.

E num estúdio não muito distante...

"Sílvio, eu vou mostrar a você quem vai ser a maior MAYSA deste país".

Queixo erguido, a garota comprime os lábios, furiosa.

Sobe música de fundo.